domingo, 16 de abril de 2017

MONTANHA RUSSA

 Uma coisa que me serviu de combustível pra filosofar recentemente - num daqueles arroubos de coragem pelo parque de diversões - foram as semelhanças entre nossa existência e o percurso da montanha russa. Alucinante, pra mim, vem a ser a palavra mais próxima do significado dessas duas experiências. Mesmo para aqueles que nunca se impuseram o desafio dessa brincadeira, dá pra imaginar quantas emoções em comum entre os loopings e os trilhos do viver. Perceba só.
  No início da aventura acelerada, esperando na fila, não termos a real ideia do que está por vir. A promessa de diversão por trás do brinquedo é só o que nos enche de alegria e de uma contraditória confiança de que, apesar do risco, vai dar tudo certo. Adrenalina total. Pois na vida é bem assim também, quase igual: perece que tudo sempre vai acabar bem. Temos aquela fé que nos impulsiona a um desconhecido bom. Chega daí o próximo momento da montanha russa (e da vida também), aquele momento em que nos colocamos na posição correta, seguimos as normas de segurança e rezamos, e nessa hora bate no coração um lampejo de desistir, mas não, preferimos enfrentar a realidade. Então o carrinho de ferro começa devagar e vai pegando velocidade de forma rápida e daí uauuuuuuu ..., somos surpreendidos com inúmeras curvas acentuadas, solavancos, quedas bruscas, subidas íngremes. O mesmo vale pra vida! Nossa, quantas coincidências! E não é que aquele percursinho de um minuto e meio, do mesmo jeito que como a vida, parece interminável? E aí vem algo no íntimo que nos diz pra aproveitarmos muito, pois vai acabar em breve. Daí a gente pára e pensa: o brilho de tudo estava mesmo nas alturas, nos rasantes, nas sinuosidades. Quem prefere não enfrentar aclives e declives sucessivos pelo caminho da vida não sabe o que está perdendo, pois os frios na barriga é que dão graça à coisa. Pena que não tem marcha ré para curtir tudo de novo. É encarar e ir em frente, extraindo tudo em grau máximo. Melhor ainda é saber que por trás de todas aquelas engrenagens tem um Técnico Engenheiro experimentado que preparou tudinho pra que você vivesse intensamente a brincadeira. Questão de fé ...
   E quando se chega ao destino final - da montanha russa ou da vida, tanto faz, tudo igual mesmo - bate o desejo cambaleante de repetir a aventura momentânea.. 
   Pois quando meu próprio trajeto terminar por aqui e eu terminar minha brincadeira, quero ter a mesma sensação do passeio maluco pela montanha russa, certa de que tudo valeu a pena, cada grito, virada ou caída repentinas, cheia de gratidão pelos momentos que vivi, bons, ruins ou assustadores, com a alegria imensa de ter me divertido e aprendido ao lado daqueles que terão trilhado seus destinos juntamente comigo.