quinta-feira, 1 de junho de 2017

SÍMBOLO AUGUSTO

   Os objetos falam. Falam sim! Por meio de sua própria linguagem, mas falam. Basta ouvir e entender o que querem dizer. E suas mensagens podem ser óbvias ou sutis. Seriam meros metais as estátuas que não narrassem a história ou as medalhas que não enchessem a alma de orgulho. Não tenho dúvidas quanto à existência de um diálogo silencioso com o universo inanimado.
   Veja o caso da bandeira nacional, símbolo maior da nação. Diz coisas inaudíveis, e até evoca sentimentos muito fortes. Matas, riquezas, céu azul, constelações e até provérbio, tudo isso numa única imagem. Sua importância demanda ritual pra que chegue ao topo do mastro, tendo gente que até chora ante a sua presença. Há outros que a defendem com braços de sangue, tamanha é a emoção que evoca.
Em Curitiba, terra mais mencionada nas mídias de cunho político dos últimos tempos de Lava-Jato, pude ver um pano verde e amarelo preso no alto de um poste de luz em meio ao trânsito intenso. Impôs-se casualmente no meu campo de observação em plena avenida, enquanto eu aguardava a virada do sinal vermelho para o verde. 
   Sem defesa contra o vento e a chuva típicos da cidade, o estandarte desbotado e em frangalhos, contudo imponente, esvoaçava com altivez, demonstrando atitude cívica de algum patriota esperançoso. Parecia mover-se em câmera lenta para maior impacto do seu simbolismo.
   E a certa altura, me pareceu que era a flâmula quem observava a tudo e a todos, de transeuntes a veículos distraídos. tecido hasteado em meio ao tráfego tinha sim vida própria e não se movia para ser notado, mas para notar e se impor. Pendia para o lado esquerdo, como se indicasse conversão à esquerda obrigatória para a via onde, ironicamente, se localizava a quatrocentos metros dali o prédio da Justiça Federal - Seção Paraná, que vem ocupando boa parte dos noticiários nacionais e local onde cada brasileiro vem depositando seu quinhão de anseio por tempos mais honestos.
   Ao final daquela nossa conversa quieta de vinte segundos, e já me pondo outra vez em movimento por autorização do semáforo, "escutei" do augusto lábaro: - Meus tons só voltarão a ser vívidos por força de um genuíno patriotismo de um povo heróico! O sol da liberdade virá a essa pátria amada, idolatrada!
              

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