QUEM FOI UM DOS SEUS OITO BISAVÔS?

Sempre fui adepta de terapias alternativas para tratamento de males físicos, mas em certa ocasião o que obtive de uma consulta a um velho quiropata foi uma bela lição de vida.
Em meio à agonia de estralos nas vértebras do meu corpo, o senhor barbudo inicia uma conversa querendo demonstrar que meu corpo tenso registrava um estresse inútil decorrente de acontecimentos banais e sem importância. Falou o quanto são desnecessárias as tristezas, especialmente aquelas causadas por problemas pequenos, além do desperdício de energia frente a tantos medos, desgostos e o mais que o ser humano ainda não aprendeu a lidar.
- O nome de um dos meus oito bisavôs? Como assim? Perguntei. Não estava entendendo aonde queria chegar aquele homem com aquela pergunta que me obrigava a montar rapidamente na cabeça a árvore genealógica da família.
E continuou: - Isso mesmo... como era o nome dele (de um bisavô seu)? Onde morava? Com o que trabalhava? O que o deixava feliz ou triste? Morrera do quê? Onde está enterrado? O que você sabe sobre ele?
Pareciam "curiosidades" sem sentido, pois minha resposta a todas essas indagações foi "não sei". Aliás, não sei absolutamente nada, eu completei, ainda sem entender a lição que estava prestes a aprender com todo aquele diálogo.
Veio então a moral da história arrematada pelo senhor quebra ossos: - Viu só! Bastam três gerações para que você seja completamente esquecido. Portanto, pra que serve tanto sofrimento, melancolias, rancores, aflições, enfim toda aquela gama de sentimentos inúteis que consomem tempo e vitalidade?
- É mesmo! Suspirei profundamente em atitude de imediata concordância. Foi como se uma luz tivesse acendido em minha cabeça. Aquilo foi o click para a mudança de mentalidade a respeito dos propósitos que eu acabava de fazer para não perder mais um único segundo da vida com bobagens. Transformei aquele diálogo em cartilha pra focar apenas no lado bom das coisas, aproveitar os momentos efêmeros e dar um chega prá lá nos pensamentos destrutivos.
Se meus futuros bisnetos sequer saberão como era meu nome, realmente, não há razão pra me consumir por causa de fechadas no trânsito, louças que se quebram, caras feias quaisquer. Melhor deixar aos descendentes o legado da alegria e do bem viver para que, ao menos, se lembrem que tive uma vida prazerosa, e que usei meu tempo nessa Terra pra distribuir sorrisos e lições positivas.
Preocupação com coisa pouca nunca será escrita em testamento, não tornará ninguém inesquecível, nem fará história. Útil mesmo é ser feliz.
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