ABENÇOADA VACINA
Entrando já para o terceiro ano da pandemia do Coronavírus, fico pensando em quanta dor e sofrimento foram vivenciados por milhões de pessoas mundo afora. Quantas perdas, quantas lágrimas, quantos prejuízos, quanto desespero, quanto retrocesso. Até que chegassem as vacinas, éramos presas fáceis de um código genético ambulante e altamente ameaçador. Nessa altura ainda somos presas fáceis, mas, com a chegada dos imunizantes, a força do inimigo ficou diminuída.
Aqui em casa, assim como de meus familiares, sempre cuidamos muito desde o início. Fizemos vários períodos de lockdown mesmo quando não era o Poder Público quem nos obrigava a isso. Usamos milhares de máscaras descartáveis e galões de álcool e guardamos distância das pessoas. Nossas festas de aniversário foram todas virtuais. Deu certo, e foi graças a essas medidas que todos puderam mais tarde se beneficiar com as três doses da vacina. Bem por isso é que, quando inevitavelmente infectados, tiveram apenas um resfriadinho fraco, bem mais fraco do que outros que já haviam tido no passado.
Minha vez chegou semana passada. Testei positivo e daí tive de me fechar sozinha por cerca de sete dias no quarto, sem contato com minhas filhas e meu marido, ainda que todos nós tivéssemos nos protegido com as três doses da vacina. O isolamento destinou-se a evitar a transmissão para outras pessoas. Enfrentei, portanto, alguns dias reclusa no cômodo em que costumo guardar a maioria dos meus livros preferidos, assim como manter uma caixa de som para deixar rolar minha playlist favorita, e uma TV com mil possibilidades de distração. Nada mal. Tive também comida, bebida e remédios na hora certa. Na verdade eu me senti num hotel, descansando de tudo.
Tirando o lado trágico da Covid para tantas pessoas que não tiveram a mesma chance ou não quiseram se vacinar, eu, especificamente, pude aproveitar-me do vírus para me dar de presente uma semana inteira de prazer. Nesse período de isolamento aproveitei para fazer tudo de que gosto e que, normalmente, não tenho tempo para desfrutar por causa do corre-corre diário. Li dois livros inteiros, assisti a cinco filmes muito interessantes, concentrei minha atenção nas letras das músicas que eu só ouvia por gostar da melodia. Meditei várias vezes. Recebi mimos deixados na porta do quarto, como bombom, cafezinho e revista. Me senti amada.
Usufruí de um doce silêncio que já até tinha me esquecido de como era, deitada na minha cama e com os olhos dirigidos ao teto. Que paz incrível! Eu não sabia que meu dia a dia comum estava tão disfuncional em termos de me proporcionar bem-estar. Não há mesmo como descansar a cabeça quando a agenda nos impõe compromissos de todas as ordens, de forma que, ao cabo daqueles dias em que eu me recuperava sozinha entre quatro paredes, posso afirmar que até gostei da experiência.
Minha maior intenção com esse relato é dar meu testemunho como base para uma dica de ouro, na verdade, uma recomendação importante para quem ainda está em dúvida quanto a submeter-se ou não às doses da vacina contra a Covid. Não deixe esta oportunidade passar, agarre-a, para que na eventualidade de ser alcançado pela doença, a preocupação se restrinja a decidir sobre o que ler, ao que assistir ou o que ouvir como remédio para a higidez mental, uma vez que a vida, a própria e a dos demais, já estará sendo cuidada pelo imunizante.
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