sexta-feira, 30 de junho de 2017


BAILE DE DEBUTANTE

Linda e meiga, é toda graça
Pura alegria onde passa
Lá vem minha menina
Seu nome é Carolina

Moça nova, riso quente
Tornou-se adolescente
Quando chega é quem anima
Minha querida Carolina

Bonita e doce, filha amada
Minha vida sem tua vinda
Seria cinza, ou quase nada

Que festa, que emoção
Faz luz no coração
És amor, és divina
És amada, Carolina

Em mim tens o espírito ligado
Ó anjo, tenha ele abençoado
E por ti tudo farei
Ah! Por ti nem sei o que farei

Em teu riso uma constante
Minha bela debutante

E pra terminar
Noite adentro celebrar
Esse baile já tem dona
Princesa brincalhona
Vem dançar, linda bailarina
Sempre amada Carolina

quinta-feira, 1 de junho de 2017

SÍMBOLO AUGUSTO

   Os objetos falam. Falam sim! Por meio de sua própria linguagem, mas falam. Basta ouvir e entender o que querem dizer. E suas mensagens podem ser óbvias ou sutis. Seriam meros metais as estátuas que não narrassem a história ou as medalhas que não enchessem a alma de orgulho. Não tenho dúvidas quanto à existência de um diálogo silencioso com o universo inanimado.
   Veja o caso da bandeira nacional, símbolo maior da nação. Diz coisas inaudíveis, e até evoca sentimentos muito fortes. Matas, riquezas, céu azul, constelações e até provérbio, tudo isso numa única imagem. Sua importância demanda ritual pra que chegue ao topo do mastro, tendo gente que até chora ante a sua presença. Há outros que a defendem com braços de sangue, tamanha é a emoção que evoca.
Em Curitiba, terra mais mencionada nas mídias de cunho político dos últimos tempos de Lava-Jato, pude ver um pano verde e amarelo preso no alto de um poste de luz em meio ao trânsito intenso. Impôs-se casualmente no meu campo de observação em plena avenida, enquanto eu aguardava a virada do sinal vermelho para o verde. 
   Sem defesa contra o vento e a chuva típicos da cidade, o estandarte desbotado e em frangalhos, contudo imponente, esvoaçava com altivez, demonstrando atitude cívica de algum patriota esperançoso. Parecia mover-se em câmera lenta para maior impacto do seu simbolismo.
   E a certa altura, me pareceu que era a flâmula quem observava a tudo e a todos, de transeuntes a veículos distraídos. tecido hasteado em meio ao tráfego tinha sim vida própria e não se movia para ser notado, mas para notar e se impor. Pendia para o lado esquerdo, como se indicasse conversão à esquerda obrigatória para a via onde, ironicamente, se localizava a quatrocentos metros dali o prédio da Justiça Federal - Seção Paraná, que vem ocupando boa parte dos noticiários nacionais e local onde cada brasileiro vem depositando seu quinhão de anseio por tempos mais honestos.
   Ao final daquela nossa conversa quieta de vinte segundos, e já me pondo outra vez em movimento por autorização do semáforo, "escutei" do augusto lábaro: - Meus tons só voltarão a ser vívidos por força de um genuíno patriotismo de um povo heróico! O sol da liberdade virá a essa pátria amada, idolatrada!
              

domingo, 16 de abril de 2017

MONTANHA RUSSA

 Uma coisa que me serviu de combustível pra filosofar recentemente - num daqueles arroubos de coragem pelo parque de diversões - foram as semelhanças entre nossa existência e o percurso da montanha russa. Alucinante, pra mim, vem a ser a palavra mais próxima do significado dessas duas experiências. Mesmo para aqueles que nunca se impuseram o desafio dessa brincadeira, dá pra imaginar quantas emoções em comum entre os loopings e os trilhos do viver. Perceba só.
  No início da aventura acelerada, esperando na fila, não termos a real ideia do que está por vir. A promessa de diversão por trás do brinquedo é só o que nos enche de alegria e de uma contraditória confiança de que, apesar do risco, vai dar tudo certo. Adrenalina total. Pois na vida é bem assim também, quase igual: perece que tudo sempre vai acabar bem. Temos aquela fé que nos impulsiona a um desconhecido bom. Chega daí o próximo momento da montanha russa (e da vida também), aquele momento em que nos colocamos na posição correta, seguimos as normas de segurança e rezamos, e nessa hora bate no coração um lampejo de desistir, mas não, preferimos enfrentar a realidade. Então o carrinho de ferro começa devagar e vai pegando velocidade de forma rápida e daí uauuuuuuu ..., somos surpreendidos com inúmeras curvas acentuadas, solavancos, quedas bruscas, subidas íngremes. O mesmo vale pra vida! Nossa, quantas coincidências! E não é que aquele percursinho de um minuto e meio, do mesmo jeito que como a vida, parece interminável? E aí vem algo no íntimo que nos diz pra aproveitarmos muito, pois vai acabar em breve. Daí a gente pára e pensa: o brilho de tudo estava mesmo nas alturas, nos rasantes, nas sinuosidades. Quem prefere não enfrentar aclives e declives sucessivos pelo caminho da vida não sabe o que está perdendo, pois os frios na barriga é que dão graça à coisa. Pena que não tem marcha ré para curtir tudo de novo. É encarar e ir em frente, extraindo tudo em grau máximo. Melhor ainda é saber que por trás de todas aquelas engrenagens tem um Técnico Engenheiro experimentado que preparou tudinho pra que você vivesse intensamente a brincadeira. Questão de fé ...
   E quando se chega ao destino final - da montanha russa ou da vida, tanto faz, tudo igual mesmo - bate o desejo cambaleante de repetir a aventura momentânea.. 
   Pois quando meu próprio trajeto terminar por aqui e eu terminar minha brincadeira, quero ter a mesma sensação do passeio maluco pela montanha russa, certa de que tudo valeu a pena, cada grito, virada ou caída repentinas, cheia de gratidão pelos momentos que vivi, bons, ruins ou assustadores, com a alegria imensa de ter me divertido e aprendido ao lado daqueles que terão trilhado seus destinos juntamente comigo.


quinta-feira, 30 de março de 2017


OS FILHOS E O PRINCÍPIO DA IGUALDADE


   Quem tem mais de um filho sabe exatamente a dificuldade de aplicar o princípio da igualdade no âmbito familiar. Longe de privilegiar um deles, pai e mãe parecem querer se equilibrar na corda bamba do amor e da educação. Tendo aprendido que todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza - conforme diz a nossa Constituição Federal - eu, que sou mãe, costumava seguir à risca essa recomendação em casa, distribuindo à prole tudo na mesma medida.          Então, se o pé de uma filha crescia mais rápido e precisava de sapato novo,  ia logo providenciando um novo par à outra filha, ainda que já tivesse uma penca de modelos ou passado pelo estirão do crescimento. Mudei de opinião. Se remédio só se dá a quem está doente, por que distribuí-lo a todos? A coisa de dar tudo igual aos filhos não funciona, seja materialmente ou não, porque as demandas são diferentes. Quando uma estiver triste, de agora em diante terá mais do meu tempo e atenção. A que tirar dez na prova terá meu aplauso e a que não se esforçar, uma conversinha em separado.

   Evidente que há coisas que devem ser igualmente oferecidas e até na mesma hora, mas não é disso que estou falando e sim daquela necessidade desenfreada de espelhar tudo. Passei a acreditar que o equilíbrio desmedido atrapalha, torna os gestos familiares automáticos, exclui o merecimento e ainda por cima sai pela culatra, porque não surte o efeito esperado. A equalização pura e simples só prejudica, não destaca ninguém. Quem faz aniversário é que merece ganhar presente. E dar a um não é tirar do outro. Se até a aplicação legal do princípio da igualdade na lei fundamental do país só se perfaz quando consideradas as desigualdades envolvidas, por que seria diferente dentro dos lares?


Talvez o ponto chave seja dar as mesmas chances, direitos e tratamento nas ocasiões oportunas, de acordo com a necessidade, pra que todos se sintam igualmente especiais. Então, de acordo com minha atual cartilha de mãe lá em casa, no que depender de mim, saibam que não vai faltar nada a ninguém.

O SILÊNCIO QUE UNE

Tempos atrás, um dia nublado me convidou a um café da tarde dentro da livraria. Pra mim, esse perfeito triângulo amoroso compõe a fórmula do prazer, da plenitude, eu diria até, do êxtase sublime insubstituível. Escolhi minha mesa, apoiando os candidatos a engordar minha biblioteca, fiz meu pedido e
de repente... nada do que planejei aconteceu. Minha atenção foi capturada pelo casal de idosos ao lado. Ele, recostado na cadeira, pernas cruzadas, tomava em golinhos lentos seu capuccino e distraía-se com o movimento geral. Ela, muito arrumada, cheia de joias, postura ereta, concentrava-se em revistas de fofoca. Durante os quarenta minutos em que ali permaneci só o que fiz foi observar os modos daquelas duas pessoas e, principalmente, sua total ausência de diálogo. Pois então, o que os teria prendido um ao outro por uma vida inteira? Quantas batalhas já teriam enfrentado juntos. Porém, não interagiam, não se olhavam, cada qual vivia no seu pequeno e efêmero universo particular. E eu ali, me transportando aos seus lugares e tentando extrair conclusões.
Que leitura, que nada! Meu divertimento foi examiná-los. Sorte que nem me viram, estavam absolutamente concentrados em seus interesses, pelo que, pude admirá-los sem medo de os incomodar.
Num dado instante e depois de paga a conta do consumo, o casalzinho se levanta e, ainda sem comunicar quaisquer palavras, dão-se as mãos e saem caminhando vagarosamente em direção à saída.
Isso é que é intimidade, pensei, compartilhar o silêncio sem obrigação de blá blá blá toda hora. Conversar é bom, debater assuntos em comum melhor ainda, mas respeitar o espaço e a individualidade de cada qual é sagrado, seja olhando o movimento em volta, seja bisbilhotando a vida dos famosos. Silêncio também é manifestação de vontade, logo, pode dizer muito. Talvez represente o diferencial entre ser feliz ou não, viver mais ou menos, ter muitas ou poucas rugas, economizar ou gastar pedidos de perdão. 
Naquela tarde em que eu me programara pra aprender mais um pouco com novas leituras, quanta coisa aprendi sem ler uma linha sequer.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

SALVE A INTERNET


     
Dizem por aí que os gatos têm sete vidas, sendo sortudos por causa dessa vantagem. Mas não tenhamos inveja deles, não! Nós é que somos afortunados, na minha opinião. A internet, uma das maiores invenções do século XX, nos permitiu viver várias existências. Por isso devia ser de graça em todos os lugares, wi-fi automático, sabe, pra todo mundo. Com ela podemos ser únicos e inúmeros, atuar como avatares resolvendo pendências, nos divertindo, trabalhando e tudo sem sair do lugar e em qualquer ocasião. Isso sim é que é vantagem, dá pra se livrar de vários perigos. Fantástico, genial. Mas claro, falo do uso sadio dessa ferramenta, sem pretensão de querer se esconder ou aplicar golpes.
      Foi graças à internet que pudemos desfrutar da economia do inquestionável bem mais precioso, o tempo, para um olho no olho ou para ficarmos simplesmente enrodilhados e quietos num canto. Tornou-se o veículo por excelência pra chamar encanador, confirmar pagamentos, marcar hora no dentista...ou simplesmente bisbilhotar. Do mesmo modo, permitiu que poupássemos energia contra a pressão de vendedor que só está interessado em abocanhar a comissãozinha. E o trabalho remoto? Que maravilha poder ganhar dinheiro sem sair de casa, dependendo do ramo, é claro! Uma baita tendência moderna. 
      Mas acredita que conheço quem, nos dias de hoje, ainda não transita pelo universo virtual? Isso é que é desperdiçar sua vitalidade pura e encurtar as vinte e quatro horas do dia. Mas cada um é cada qual, como diz minha mãe, fazer o quê? Com as tantas possibilidades dos dias atuais, já pensou ter que resolver tudo pessoalmente... ou até por telefone, que também já virou um pouco over? Imagina o trânsito de lascar que seria, o formigueiro das ruas, os riscos, as filas, ui.
     Por isso, rendo minha homenagem ao cara que inventou esse mundo paralelo pra podermos justamente viver melhor, no entanto, abaixo a pieguice, mas tem que ficar esperto no seguinte: só na concretude se sente o perfume da aurora, o beijo sincero, o abraço apertado ... o miado ao pé do ouvido e muitas coisas mais.