PRESUNÇÃO
Existe uma coisa bastante enganadora para a mente que é presunção a respeito de coisas que não têm base em fatos concretos. De acordo com o dicionário, o verbo presumir indica a ação de tirar conclusões antecipadas e precipitadas a partir de suposições, conjecturas. A presunção é uma viagem traiçoeira, porque transforma em verdade algo que não tem lastro, numa operação mental capaz de gerar ideias tortas.
Presumir é ir direito a um ponto sem avaliá-lo, sem usar a energia psíquica para elaborar conclusões melhores. É tomar como certo o que não passa de uma premissa falsa, a qual irá desencadear a necessidade futura de consertar ideias tortas dela decorrentes, podendo até contribuir para um cenário de mal entendidos e comunicações equivocadas. É como seguir por túneis que levam sempre a um único e mesmo lugar, sem questionamento da rota. É como enxergar tudo por uma lente fixa e desprezar as nuances dos acontecimentos.
Presunções nascidas de cálculos apressados e puramente individuais não possuem serventia alguma. Levam-nos a restringir o foco de análise a respeito de algo, assim como a tomar decisões equivocadas, cometer injustiças. São, ainda, um terreno fértil para discriminações e incompreensões, porque dali nascerão os pré-conceitos. Presumir qualquer coisa é querer encurtar o caminho para o encontro com a verdade, sem sucesso, no entanto.
Presumir é não se esforçar para ver as coisas sob outros ângulos, é reforçar a fixação das energias mentais em um único ponto. É como enfiar a cabeça num buraco sem considerar o que está em volta. Presumir é querer economizar energia de pensamento, mas que acaba levando a um desperdício.
De toda a quantidade de calorias que queimamos em um único dia, nosso cérebro responde por vinte por cento do total, de acordo com os fisiologistas. Isso significa que presumir equivale a desperdiçar potências internas para o cultivo pontos de vista superados, uma espécie de neurose inutilmente alimentada. Por isso eu diria "vai carpir, irmão!", para evitar um déficit na qualidade da sua saúde mental.
Normalmente, nossos dias já são bastante variados em termos de demandas importantes, de modo a ser absolutamente desnecessário o acréscimo de elucubrações que não são outra coisa senão um prejuízo auto infligido.
Camadas de interpretação pessoal sobre os fatos, acrescidas a caras feias que nos fazem por aí ou a olhares atravessados e frases fora de contexto, é o que basta às vezes para dar início a um sofrimento que lá na frente será visto como sem sentido. Tal é a razão pela qual é salutar o policiamento interno para evitar o escoamento desnecessário de preciosos recursos mentais, direcionando-os para algo mais vantajoso e construtivo. Eu diria até que a paz interior tem relação direta e proporcional com esta prática.
Lidar de forma objetiva com o que nos chega pelas vias sensoriais já está de bom tamanho para enfrentar os percalços da vida, sem que seja preciso inventar narrativas infundadas para engordar nossas habituais neuroses.

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