terça-feira, 15 de novembro de 2022

 DECIDI PARAR DE TER MEDO


        Seria cômico dizer que não sentir medo está no campo das decisões racionais que tomamos, pois é fato que ninguém o entrouxa, voluntariamente, no fundinho da mente, assim como não deixa de senti-lo num estalar de dedos. Desde pequenos e até na vida adulta sentimos medos, para o que, muitas vezes, não temos explicação. Portanto, é mesmo engraçado afirmar que decidi parar de ter medo, como quem aperta um botãozinho e controla o painel das emoções. 

        Todavia, pensando bem, até acredito que caiba alguma medida de consciência nessa questão, o que começa pelo reconhecimento de que eles existem e isso já me parece uma atitude madura a tomar o lugar da cegueira.

        Só que é pouco, pois quero mais do que só saber que tenho medos. Quero parar de senti-los. Seria isso um luxo? Uma pretensão ambiciosa? Num primeiro momento, apesar de parecer que sim, afirmo que não. Claro que não estou falando daqueles medos úteis para afastar perigos e auxiliar na preservação da vida. Falo daqueles medos que atrapalham e por isso que não vejo como tão absurdo controlá-los.

        Certa vez alguém me deu uma dica de ouro nessa questão: convidar para um jantar todos os fantasmas que infernizam a cabeça, para um bate-papo sincero e com intenção de conciliação e apaziguamento. No meu caso imagino uma mesa cheia e com cadeiras faltando. Brincadeira à parte, o fato é que gostei da ideia, até porque já ouvi ou li em algum lugar que a melhor maneira de enfrentar medos é, justamente, enfrentando-os, não num sentido bélico, evidentemente, mas ao estilo de uma conversa franca. A partir deste enfrentamento imagino a bonanza surgindo no peito, uma espécie de trégua.

        Fácil não será, mas a tentativa é necessária e talvez a coisa toda precise se desenrolar em vários encontros. Identificar a origem dos medos é fundamental e parar de alimentá-los é outra medida importante. E conseguir isso vai ser como um clarão na mente.

        Contudo, é preciso que me restem ainda alguns medos, como os de não me alegrar todos os dias, de não amar, de não lacrimejar os olhos diante das emoções e belezas da vida, de não exercer o senso crítico e, especialmente, de apenas sobreviver quando seja possível a mim viver intensamente. Com isso quero me apavorar!


Fonte da imagem: https://www.entrepreneur.com/starting-a-business/how-to-start-a-side-hustle-manage-your-fear/366115

Nenhum comentário:

Postar um comentário