MODO ECONOMIA ATIVADO
Sempre tive gosto pela argumentação e pelo debate sobre qualquer assunto. Entendo que o diálogo enriquece e promove o surgimento de novas ideias, posicionamentos e pontos de vista diferentes e enriquecedores. Acontece que cheguei num ponto em que precisei ativar meu dispositivo interno de economia de energia em uma situação muito específica, que é quando a absurdidade de uma declaração chega aos meus ouvidos, fazendo soar meu alarme.
É certo que ninguém é dono da verdade e justamente por isso sempre entendi como saudável não me opor à dialética. Isso moldou por muito tempo o meu perfil de entrar em debates. Confesso até que muitas vezes fiz isso apenas para dar passagem a pérolas disparadas por aqueles que costumam se vestir de sapiência. No entanto, cansei. Frente à insensatez - eufemismo para substituir a palavra asneira - minha reação mudou, porque tenho simplesmente feito cara de paisagem, ao contrário de seguir pelo caminho da confrontação. A finalidade deste meu novo modo de operar socialmente é a de impedir que minha energia seja escoada inutilmente.
Descobri há pouco tempo que esta é a Lei de Brandolini, ou princípio de assimetria da estupidez, segundo a qual o esforço necessário para desfazer uma desinformação é maior do que a facilidade para criá-la. Ou seja, precisa-se recrutar mais força mental para refutar uma idiotice do que para produzi-la. Além do mais, é infrutífero argumentar com quem fala idiotices, pois estas continuarão a produzir efeitos mesmo após uma boa explicação em sentido contrário. É por isso que o silenciamento como economia de energia vem ditando meu modo de ser frente a ideias manifestamente falsas, levianas ou, simplesmente, imbecis. As fakenews estão aí para confirmar que a sua correção dá muito mais trabalho do que o seu disparo inconsequente.
Sem dúvida o direito de opinar é pleno e há de ser respeitado. Mas não é a isso que eu me refiro. Trata-se de eu me reservar o direito de não me cansar tentando mudar quem, sob o meu olhar, vive à sombra do mundo e, deixando a inteligência ou a boa-fé de lado, insiste em coisas sem a menor possibilidade de algum crédito ou validade.
Lamento muito quando grandes besteiras são disseminadas nos mais diversos contextos e, em especial, nos meios de comunicação e nas redes sociais, caldeirões ricos para a sua proliferação. São ruins porque induzem todos ao erro, assim como ocultam intenções sensacionalistas, alarmistas e conspiratórias, enfraquecendo os esforços genuínos na busca da verdade e explorando a credulidade alheia sem um pingo de compaixão ou responsabilidade. Meu silêncio em tais casos não significa uma derrota no campo da argumentação, mas uma estratégia que visa a neutralizar muitas coisas que vejo dito e escrito por aí.
Fonte da imagem: https://twitter.com/josuenunes/status/1589628735925682179/photo/1

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