terça-feira, 19 de setembro de 2023

GRANDES INVENÇÕES


            É próprio do ser humano inventar, quando alguma dificuldade lhe aparece à frente ou apenas em razão da sua inerente veia criativa. Desde a época das cavernas, inventou ferramentas para caçar e poder alimentar-se, como também meios para abrigar-se das tempestades, do frio e do calor, e vestimentas para a proteção da sua pele.

            Em parceria com a terra, inventou maneiras e sistemas para o plantio de sementes e a multiplicação dos frutos, dividindo-os com os seus semelhantes. Inventou sons simbólicos para comunicar-se, bem como a escrita, para tornar comum suas ideias, divulgar novidades, contar histórias. Para não se sentir assombrado com os fenômenos incontroláveis e desconhecidos da natureza, o homem inventou os mitos, antes que ele próprio inventasse a ciência para entender melhor o mundo em que vivia. 

           O homem inventou alquimias contra suas dores físicas ou, simplesmente, para deslumbrar-se diante de reações químicas coloridas e fumacentas. Seu brilhantismo permitiu a invenção da indústria e do comércio para a produção e distribuição de suas descobertas. De sua cabeça saiu todo tipo de engenhoca para o seu deslocamento de um continente a outro ou do chão para as alturas e até para outros planetas.             

            Essa criatura inteligente inventou um jeito de verticalizar moradias para resolver o problema da falta de espaço. Inventou a arte como linguagem de expressão de sua essência e também a religião para diminuir o seu desamparo, também a política, para organizar sua vida comunitária, e a lei, para impedir os excessos de uns contra os outros, disciplinando os seus impulsos. Inventou a filosofia para dar conta de seus dilemas internos e a medicina, para a cura dos males do seu corpo e até de sua mente.

            Há bem pouco tempo, essa figura inteligente inventou um jeito de falar com outra, e até vê-la a quilômetros de distância, sem precisar sair da poltrona onde, confortavelmente, descansa, inventando também inteligências artificiais, foguetes, vacinas, drones, robôs, entre tantas outras criações benéficas.

            Mas há algo que o espírito humano ainda não inventou, que é a produção do antídoto contra os fantasmas psíquicos que lhe desafiam. O ser humano foi capaz de inventar todo tipo de teoria para explicar os medos e temores, aliás, que ele mesmo também inventou, mas ainda não inventou nenhuma maneira de impedir para sempre o surgimento deles.

            Somos peritos em inventar do nada neuroses e uma infinidade de outros sofrimentos, contudo, ainda não conseguimos inventar um jeito de enxergar que a simplicidade, a autenticidade, o enfrentamento das dores e a empatia com os demais são as melhores invenções para uma vida feliz, e que, na verdade, já existem para todos, bastando incorporá-los.

       

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