sábado, 11 de novembro de 2023

 O COFRE DE CADA UM 


        Veio-me à cabeça, como metáfora, que todos guardamos no recanto do nosso ser uma espécie de cofre peculiar. Não é feito de aço, mas forjado pelo nosso inconsciente escuro, enigmático e fechado, cuja abertura - exclusivamente por vontade própria - condiciona-se ao emprenho de tempo, sensibilidade, persistência e, principalmente, coragem para ali encontrar o que no passado guardamos e hoje nos é desconhecido. É como um santuário de experiências.

       Neste cofre que ocupa algum lugar dentro de nós, encontram-se as nossas penumbras de memórias pouco tangíveis, além dos aromas da infância, dos sabores doces e amargos das relações que mantivemos com pessoas. Também as emoções pueris ali cristalizadas com o tempo e que se transformaram em ecos incômodos a reverberar em nossa vida adulta, porque não as compreendemos. 

       Neste espaço secreto também estão as nossas interpretações sobre as palavras e olhares dirigidos a nós pelas pessoas que nos moldaram. Neste cofre de difícil acesso está colocado tudo o que a nossa consciência, em uma época remota, não tinha capacidade para entender, pois não passava de uma sementinha em desenvolvimento.

      Porém, já adultos, precisamos abri-lo se desejarmos uma vivência mais autêntica, leve e feliz e menos cheia de dúvidas, hesitações e cegueira. Mas somente chaves emocionais conseguem abrir este depositário de sombras que costumamos não compreender. São os nossos fantasmas e dragões, muitas vezes frutos de nossa própria criação, como projeções de nossas inseguranças e vulnerabilidades, por trás das quais há uma lição a ser aprendida. A busca por maior autoconhecimento é fundamental. 

      Para isso é que eu conto com a minha analista Sherlock Holmes de almas, que há algum tempo vem me auxiliando a virar de pouco em pouco a peça giratória secreta do meu cofre para que eu consiga defrontar-me com meus mapas, códigos e narrativas ali existentes para reescrevê-los, daí sim, transformá-los em tesouros para minha vida. 

        Relembre ser necessário o emprenho de tempo, sensibilidade, persistência e, principalmente, coragem, pois ressignificar o passado requer dedicação e esforço, assim como uma boa dose de humildade.

        O resultado dessa jornada será o encontro com uma luz interior irreversível, a verdadeira fortuna de uma existência e um portal para um futuro melhor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário