A MALDITA ESPERANÇA
Segundo a mitologia grega, Zeus ordenou a Hefesto que moldasse com argila uma mulher de grande graça e beleza para lhe destinar a guarda de um presente a ser dado ao homem: um jarro lacrado. Apesar da proibição divina em abri-lo, a guardã, vencida pela curiosidade, destampou o objeto, deixando escapar as pragas da humanidade: doenças, dores, tristezas, loucura, inveja e morte. Ao recolocar a tampa com pressa, só conseguiu impedir a saída da esperança. É o mito da Caixa de Pandora.
Na verdade, desde a primeira vez que li a respeito, não entendi porque a esperança estava entre os males do mundo, haja vista ser um tanto estimulada no coração humano e até reverenciada como um nobre sentimento. Quem nunca a encorajou em si mesmo ou no próximo? Mas lendo sobre filosofia aplicada à vida, me veio a explicação dias atrás, dada por um certo André Comte-Sponville, pensador francês moderno, adepto do estoicismo, para quem a esperança é a pior das adversidades porque nos faz viver em estado de expectativa por um futuro que não existe, e que só serve a nos desviar da principal e única realidade possível de ser vivenciada, que é o agora. Aliás, antes dele - fui pesquisar - Nietzsche já a identificava como uma desgraça que obscurece o essencial da vida. E ambos apontam que a esperança é produto da cultura, não sendo vista na natureza. É mesmo... nunca tomei conhecimento de que o sapo anseia um porvir melhor.
É fato que defender uma causa é diferente de viver focado numa projeção pura e simples, de sorte que o idealista não se confunde com o esperançoso. De todo modo, se a esperança promove o sacrifício do presente real fazendo-nos escravos de planos futuros, que não seja a última a morrer. Já chega a nostalgia, representante das sombras do passado.
É fato que defender uma causa é diferente de viver focado numa projeção pura e simples, de sorte que o idealista não se confunde com o esperançoso. De todo modo, se a esperança promove o sacrifício do presente real fazendo-nos escravos de planos futuros, que não seja a última a morrer. Já chega a nostalgia, representante das sombras do passado.

Nenhum comentário:
Postar um comentário