domingo, 5 de junho de 2016

DESCOBRIMENTO, INDEPENDÊNCIA, REPÚBLICA ... E NÓS


      Lá pelos idos anos de 1500 o Brasil foi descoberto. Apareceu para o mundo como um bebê pelos braços dos portugueses. Cresceu, aprendeu a língua materna, foi catequizado, desenvolveu sua cultura, mas sempre obedecendo ordens dos seus governantes portugueses. Mais tarde, protagonizou revoltas até conseguir sua independência em 1822. Esta trajetória poderia ser equiparada à infância e à adolescência da nossa terra.

     Veio depois a fase adulta, querendo o jovem Brasil governar-se. Queria tomar decisões por conta própria. Foi preciso, então, opor-se à monarquia de Portugal, ao mando alheio. Lutou muito e marcou sua história de modo definitivo proclamando a república no ano de 1889, ficando, de certa forma, livre para decidir sobre seu próprio destino. Historicamente, parecem ter sido bem marcados os episódios do descobrimento, da independência e da proclamação da república por estas bandas. 

      Não há algo de similar à trajetória humana? Ou seja, não parece possível estabelecer um paralelo entre tais acontecimentos históricos e o crescimento das pessoas? Afinal, desde que nascemos também vamos aprendendo o idioma de nossos pais, assim como, em geral, somos catequizados para seguir alguma religião. Igualmente, vamos para a escola e aprendemos nossa cultura até que chega um momento em que queremos a nossa própria independência e autogoverno. Pois, quem nunca, em casa mesmo, lutou por liberdade, ou buscou estabelecer sua república individual? Quem nunca se trancou no próprio quarto para se sentir dono do seu espaço? Quem nunca afrontou os pais para que parassem de proteger seus filhos quando se julgava isso desnecessário?

      Quase tudo igual entre nós e o Brasil, a não ser por uma significativa inversão no reino pessoal: é possível que sequer tenhamos vivenciado até o momento o nosso próprio descobrimento, ainda que já dado o grito do Ipiranga e proclamada a república individual. Pois não basta ser independente e governar-se. É preciso descobrir-se primeiro.

      Quiçá o próprio Brasil não tenha se descoberto, ainda, em suas potencialidades e riquezas.

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