QUERIDA
Sinceramente, não dá pra imaginar que alguém possa agradecer por uma batidinha na traseira do carro. O episódio, na verdade, só serve pra chatear. No mínimo, leva-se um susto com o tranco nas costas. Também te obriga a descer do veículo para conferir o estrago e olhar feio pro distraído, chamando-o à responsabilidade. Ora bolas, como não perceber que o carro está deslizando e vai bater no da frente? Presta atenção, não é?
Mas mesmo não sendo o caso dos romances que, por ironia do destino,
começam entre os envolvidos, afirmo que é
possível sim acontecimento como esse fazer nascer um bom sentimento. Pois numa ocasião,
um certo senhor descuidado me causou um bem enorme ao esquecer de pisar no
freio do seu automóvel. Devia estar envolto em seus pensamentos, tranquilão de
tudo aguardando o sinal ficar verde. E aí, trunc!! Pois desci do meu carro no
meio da rua, toda cheia de razão para proferir um Se esperta, cara! Qual é? Vai ter
que pagar... Mas não deu nada, só encostou mesmo. Mais sorte pra mim,
porque o sujeito, imediatamente, reparou sua distração na medida do que eu precisava:
- Desculpe,
querida!
Pronto,
meu espírito se desarmou no mesmo instante e minha cara feia virou sorriso. Não resisti ao vocativo. Ah, se ele soubesse como adoro ser chamada de
querida... Tocou no ponto certo. Eu, que estava precisando mesmo de um afago, peguei a palavrinha, entrei de volta no carro e fui embora me
sentindo indenizada pelo contratempo.

Olha eu já não gosto de ser chamada de querida, me soa falso. Já teria um problema maior com Sr..
ResponderExcluir