Consta no dicionário que a palavra sedução, entre outros significados, exprime a ideia de feitiço, fascínio, atração. Quem seduz contém um conjunto de qualidades que faz gerar no outro certo magnetismo, persuasão, capacidade de atrair o ser que lhe desperta algum tipo de interesse. E há diversas ferramentas para ter sucesso nesse intento, sejam rendas vermelhas, sabores, aromas ou sons, como flechas dirigidas ao objetivo maior. quinta-feira, 24 de novembro de 2016
Consta no dicionário que a palavra sedução, entre outros significados, exprime a ideia de feitiço, fascínio, atração. Quem seduz contém um conjunto de qualidades que faz gerar no outro certo magnetismo, persuasão, capacidade de atrair o ser que lhe desperta algum tipo de interesse. E há diversas ferramentas para ter sucesso nesse intento, sejam rendas vermelhas, sabores, aromas ou sons, como flechas dirigidas ao objetivo maior. quinta-feira, 13 de outubro de 2016
terça-feira, 11 de outubro de 2016
Meu avô paterno era um cara muito bem humorado que conseguia fazer piadas escancaradas com ar de filósofo sério. Falava coisas do tipo "relógio que atrasa não adianta", ou então "não bebo mais... e nem menos", agarrando-se logo a um trago que lhe oferecessem. Na sua lápide - dissera - haveria de constar a frase "aqui jazem meus ossos, queria que fossem vossos". Mas a melhor mesmo era dita em tom de verdade jamais percebida: "é bem melhor ser rico e com saúde do que pobre e doente". Sabia deixar o interlocutor em dúvida quanto à seriedade do diálogo. Era um sábio palhaço, ou ao contrário. Morreu moço, cinquenta e poucos anos, de modo que não cheguei a conhecê-lo, mesmo assim me divirto com suas histórias, todas contadas pelo meu pai, aliás, um senhor herdeiro dessa veia cômica. Pela leveza diante da vida, consigo admirá-lo, lamentando não ter um único dia sentado em seu colo. Queira Deus eu possa também ser capaz de, ao menos, extrair sorrisos de descendentes contadores de minhas vivências, numa dessas fazendo-os gargalhar por algum deslize engraçado.Mas ser lembrado por uma qualidade é só o reflexo de possuí-la, pois quem de fato leva a melhor é a própria pessoa que a tem dentro de si. Vale o oposto também. Desse modo, quem é bondoso e pacífico traz a bondade e a paz no coração, assim como o raivoso e o cruel são os que primeiro experimentam raiva e crueldade, e assim por diante. Divagações à parte, essas aí estão mais pra galhofa, tamanha obviedade em dizê-las.
Pois é possível que a graça oculta nas falas soberbas sirvam justamente pra mostrar o óbvio que não se costuma enxergar, de vez que a gargalhada deva ter, junto com a infelicidade, o seu efeito pedagógico. Então, se dá pra aprender com o riso, aqui vai um conselho poderoso ao estilo do velho Alfredo: é melhor rir do que chorar.
segunda-feira, 3 de outubro de 2016
segunda-feira, 29 de agosto de 2016
É fato que defender uma causa é diferente de viver focado numa projeção pura e simples, de sorte que o idealista não se confunde com o esperançoso. De todo modo, se a esperança promove o sacrifício do presente real fazendo-nos escravos de planos futuros, que não seja a última a morrer. Já chega a nostalgia, representante das sombras do passado.
sábado, 20 de agosto de 2016
Olha só: uma de nossas atletas, já tendo sofrido preconceito racial nos jogos olímpicos anteriores, conquistou medalha de ouro em sua modalidade esportiva. Sem dúvida, uma vitória com sabor todo especial, espécie de revanche frente à pesada equiparação que então sofrera quatro anos antes. Mostrou superação, dando o recado que é digna de orgulho do seu país. Triste foi que a menina, diante do seu feito, se viu forçada a responder à seguinte pergunta na TV: - O que você sentiu naquela hora em que olhava para a adversária com cara de... tigre? Ora, se era para compará-la a alguma coisa, que tivessem usado termos como gladiadora, guerreira ou qualquer outro que não lembrasse um animal selvagem, quadrúpede e indomável, que usa o instinto ao invés da razão, que não emprega senão as forças físicas e sucumbe frente à inteligência, ou seja, sem nenhuma semelhança conosco. Será que não foi arriscado o parâmetro usado na entrevista? Ah, nada a ver, não foi preconceito, diriam uns! Pois é lógico que não houve má intenção, foi só um descuido com a linguagem, um improviso desajeitado.
sexta-feira, 19 de agosto de 2016
Próximo da minha casa, um cruzamento de intenso tráfego foi escolhido por um senhor como ponto para o comércio de pipocas de pacote. A alternância do semáforo o faz correr de uma esquina à outra oferecendo seu produto, todos os dias, por horas. É incansável, não falha nunca, seja em dia de forte calor, frio ou chuva. Fica atento a qualquer chamado e vai de um lado a outro querendo atender o maior número possível de veículos, sempre com a sacolinha no braço para cuidar do seu estoque. Eu mesma já comprei, a título de aplauso silencioso pelo esforço. Tem o perfil de um funcionário que eu gostaria de empregar caso meu ramo de negócio fosse uma empresa.
Imagine essa persistência e empenho com mais algumas técnicas de venda! E o referido sujeito, ainda por cima, é simpático. Mudaria de vida ou, quem sabe, enriqueceria num empreendimento com remuneração proporcional às vendas. Não há inúmeros exemplos de fortunas com começos modestos? Se todo mundo trabalhasse desse jeito pensando num país melhor, como seria? Tipo mutirão pra dar um arranque nas coisas, vestir a camisa verde e amarela. Cada um fazendo a sua quota da melhor maneira pra formar o todo transformador.
Esse vendedor me inspira, de certa forma, a pensar que a dificuldade tem o seu antídoto e está nas próprias mãos de quem a sente. Então, juntando a necessidade com a vontade de crescer, mais uma pitada de amor à pátria teríamos mais ordem e progresso.
sexta-feira, 5 de agosto de 2016
Pois pra mim, parece ser justamente a divergência de ideias que promove a evolução da humanidade. Desde que o mundo é mundo, o desacordo funcionou como elemento propulsor da ciência, da moral ou de qualquer outra seara humana, de tal modo que a diferença de concepções me parece benéfica. Já pensou se Charles Darwin não tivesse lançado sua teoria sobre a origem das espécies por receio de agitar o pensamento dominante? Ou se Einstein não tivesse afrontado as leis mecânicas de Isaac Newton com a inovadora teoria da relatividade? Do mesmo modo não seríamos os mesmos se Jesus não tivesse sido o revolucionário de dois milênios passados. São as novas poposições que nos fazem sair da monotonia e rotina. Sendo assim, a recomendação astral não me pareceu merecedora de algum crédito.Em A Utopia, escrita por Thomas More no século XVI, a personagem Raphael Hitlodeu explica que, de acordo com os reis, o lugar comum das ideias deve prevalecer para que a sociedade não pereça caso surja um homem mais sábio que os seus antepassados e, principalmente, porque não querem ganhar a reputação de imbecis, pelo que diriam: "nossos pais assim pensaram e assim fizeram; ah, queira Deus que igualemos a sabedoria de nossos pais!" Continua, dizendo que diante de um melhoramento novo, a tendência é agarrar-se à antiguidade para não acompanhar o progresso. Evidente é a crítica embutida pelo escritor. Acredito que podemos ir em frente com nossos pontos de vista, não os evitando como forma de preservar as relações humanas, pois essas devem estar fundamentadas em outras bases, outros valores. A diversidade deve servir ao enriquecimento, basta termos consciência disso.
Terminadas minhas ligeiras divagações sobre a advertância celestial aos taurinos, por curiosidade, fui ver o que o Sol em Áries me sugeria: "Ariano, o seu esforço atrairá bons frutos!" Muito favorável, pensei. Essa orientação, sim, seguirei à risca sempre.
Nos últimos vinte e tantos anos da minha vida, tive por companheira fiel uma dor de cabeça persistente e de difícil diagnóstico. Semanalmente, chegava ela a qualquer hora, às vezes no primeiro minuto do dia e com duração sempre variada. Passei incontáveis fins de semana amargando com analgésicos e caras forçadas de normalidade pra que ninguém sofresse junto comigo. Era coisa só minha mesmo. Fui a todos os "istas" e "ólogos" imagináveis e fiz diversos exames para desvendar a misteriosa causa. Até que de uns tempos pra cá o destino tem me permitido uma trégua entre mim e esse flagelo, por meio de uns cuidados simples e mudanças no estilo de vida, de forma que vem ficando cada vez mais fraca. Aleluia!terça-feira, 2 de agosto de 2016
Ninguém quer abrir mão de uma coisa boa em troca de outra coisa que também é boa, certo? O ideal é incorporar à vida novas experiências ou bens sem sacrificar nada, e desfazer-se somente do que já não interessa mais. Mas é difícil escapar. O dilema da escolha é permanente na vida de todos, até mesmo das crianças, solicitadas a decidir sobre questões do seu universo.
Lembro que próximo ao aniversário de onze anos da minha menininha perguntei o que ela queria de presente. A resposta foi certeira: - Brinquedo e maquiagem. Mundos opostos e igualmente tentadores. Lógico, não quis renunciar aos recursos da infância, tampouco as vantagens do crescimento. Foi bem coerente, na minha opinião, já que deu a melhor solução para as duas realidades da sua ainda curta existência: para as horas lúdicas teria com o que brincar, ao mesmo tempo em que usaria batons para as caras e bocas de moça quando não lhe conviesse ser infantil. Pra que escolher, não é? É tão mais prático ter tudo o que se quer, simultaneamente...terça-feira, 28 de junho de 2016
sábado, 25 de junho de 2016
segunda-feira, 20 de junho de 2016
Sinceramente, não dá pra imaginar que alguém possa agradecer por uma batidinha na traseira do carro. O episódio, na verdade, só serve pra chatear. No mínimo, leva-se um susto com o tranco nas costas. Também te obriga a descer do veículo para conferir o estrago e olhar feio pro distraído, chamando-o à responsabilidade. Ora bolas, como não perceber que o carro está deslizando e vai bater no da frente? Presta atenção, não é?
domingo, 5 de junho de 2016
Veio depois a fase
adulta, querendo o jovem Brasil governar-se. Queria tomar decisões por
conta própria. Foi preciso, então, opor-se à monarquia de Portugal, ao mando
alheio. Lutou muito e marcou sua história de modo definitivo proclamando a
república no ano de 1889, ficando, de certa forma, livre para decidir
sobre seu próprio destino. Historicamente, parecem ter sido bem marcados os
episódios do descobrimento, da independência e da proclamação da república por
estas bandas.
Não há algo de
similar à trajetória humana? Ou seja, não parece possível estabelecer
um paralelo entre tais acontecimentos históricos e o crescimento das
pessoas? Afinal, desde que nascemos também vamos aprendendo o idioma de
nossos pais, assim como, em geral, somos catequizados para seguir alguma
religião. Igualmente, vamos para a escola e aprendemos nossa cultura até
que chega um momento em que queremos a nossa própria independência e
autogoverno. Pois, quem nunca, em casa mesmo, lutou por liberdade, ou buscou
estabelecer sua república individual? Quem nunca se trancou no próprio quarto
para se sentir dono do seu espaço? Quem nunca afrontou os pais para que
parassem de proteger seus filhos quando se julgava isso desnecessário?
Quase tudo
igual entre nós e o Brasil, a não ser por uma significativa inversão no reino
pessoal: é possível que sequer tenhamos vivenciado até o momento o nosso
próprio descobrimento, ainda que já dado o grito do Ipiranga e proclamada
a república individual. Pois não basta ser independente e governar-se. É
preciso descobrir-se primeiro.
Quiçá o próprio
Brasil não tenha se descoberto, ainda, em suas potencialidades e riquezas.
sexta-feira, 3 de junho de 2016
A sala de espera no setor de cardiologia daquele hospital encontrava-se cheia de pais e mães com seus pequenos de todas as idades esperando atendimento médico. Eu, na mesma situação, e felizmente apenas para um exame de rotina em minha filha, aproveitava para observar os comportamentos de todos, algo que normalmente me desafia para, pretensiosamente, entender um pouco do ser humano.
Em meio àquele cenário, algo de especial me chama a atenção mais do que qualquer outra coisa: entre os presentes, encontrava-se uma simplória mãe amamentando seu bebê de quatro ou cinco meses recém-operado do coração. Fiquei comovida! Encontrava-se ela com um fino aventalzinho de trabalho e chinelo de dedo, apesar do intenso frio de julho. Por certo, pensei, estava aproveitando o horário de intervalo do seu trabalho para a consulta da criança. A cena, um tanto comum em qualquer estabelecimento de saúde, tinha algo de único e espetacular, pois aquela criatura, transbordante de ternura, no silêncio do recinto, não parava de falar um só segundo e de modo bastante afetuoso com seu pequeno. Seu nome era Miguel, o que perguntei como forma de me aproximar. O garotinho, absorvendo o amor materno, comportava-se como um anjinho, olhando diretamente nos olhos daquela mulher que lhe daria qualquer coisa para vê-lo bem. Bebia mais do que o leite da mãe, é claro! Era nutrido de um amor único, inigualável.
Aquela cena me preencheu e afetou-me de tal maneira que, graças a Deus, minha filha foi logo chamada pela secretária do consultório, pois eu já não conseguia mais disfarçar meus olhos encharcados de lágrima, tamanha a emoção em perceber aquela poderosa dinâmica em prol da vida. Concluí que além de sentir, a gente também consegue ver o amor em suas diversas manifestações.
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A família resolveu reformar a casa. Pintura, assoalho, tapetes, mobília... quase tudo já vinha precisando ser modificado para que ficasse com cara de mais novo, além de outros consertos que se fizeram oportunos naquela ocasião. Não se havia contado, porém, com o caos, a poeira e o tumulto ocasionado pela recém formada multidão. Além dos usuais moradores, passaram a ocupar o mesmo espaço o pintor, o marceneiro, o encanador, o eletricista, a diarista. Foram algumas semanas de muita correria, sujeira e baderna. Tudo muito dramático para quem curte tudo em ordem, cheirosinho e aconchegante. Por todo lado se via e se sentia movimentação e barulho. De noite todos precisavam dormir empoleirados na sala. Foi preciso o milagre da multiplicação dos itens de limpeza e da resiliência. A situação se assemelhava a um acampamento sem regras, muito cansativo. Mas a perspectiva de um visual renovado era o que impulsionava o andamento da obra! Contudo, em meio a esse cenário caótico a vida não podia parar, sendo necessário cumprir os compromissos corriqueiros, como, por exemplo, ir ao supermercado, que nessa hora era visto como oportunidade de fuga. Foi numa dessas
escapadas, numa fria manhã de inverno com céu azul límpido, acompanhada da
saltitante caçula, à época com nove anos de idade, que ouço um grito entusiasmado me
acordando para uma outra realidade: - Mãeeeee...consegui fazer uma bola de
chiclete! Foi a primeira vez, lógico. Aquele estalido perfeito, após inúmeras
tentativas anteriores e frustradas trouxe incomparável felicidade àqueles
olhinhos brilhantes e escuros. Uma vitória, sem dúvida, para quem vinha há
tempos tentando conseguir essa façanha. Que privilégio o meu,
pensei, ser testemunha dessa ingênua conquista. Foi mais mágico pra mim do
que pra ela. A criança era só alegria naquele momento. Até a costumeira
vigilância a que se habitua um morador da cidade grande se enfraqueceu
repentinamente. Vamos ao óbvio nem sempre percebido: a
beleza da vida se oferece nos efêmeros instantes e nossos filhos são fonte
segura de encantamento. Num único segundo do meu dia tudo passou à categoria
do secundário. Cheguei até a esquecer do estresse que a baderna da minha casa
vinha me causando. Concluí que a verdadeira
reforma que se há de fazer é no olhar e no coração. E se me perguntarem do
que mais eu lembro em meio àquela confusão toda em minha casa, responderei,
com toda a certeza, que é muito mais importante fazer bola de chiclete do que
escolher a nova cor das paredes.
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